Identidade e Privacidade no
Mundo virtual
Paulo
Tong
Pós-Graduação em
Comunicação - ECO
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
Coordenador e Professor
Universidade Estácio de Sá – Campus Resende
Ronaldo
D. Corrêa
Pós-Graduação em Computação Aplicada e Automação - CAA
Universidade Federal Fluminense - UFF
Palavras-Chave: Identidade; Privacidade; Internet
Em
tempos de pós-modernidade a Internet tem causado uma verdadeira revolução em
nossas vidas, seja no aspecto social, cultural, lingüístico, comportamental e
até mesmo no existencial. Com esta nova tecnologia, um fenômeno bastante comum
nos dias de hoje vem transformando a vida das pessoas, o da formação de uma
nova identidade, através da qual elas buscam na virtualidade o encontro com
outras pessoas ou grupos que lhe sejam próximos, tais como grupos de discussão
ou salas de chat.
Neste
ponto se torna necessário estabelecer mais precisamente o que vem a ser
identidade na Internet. Pode-se bem inserir aqui o conceito que Jung denominou persona
para significar a aparência comportamental com que alguém se apresenta para
outrem ou um grupo a fim de se proteger da exposição ou para apresentar outra
“face” mais adequada a seus objetivos.
Normalmente,
a identidade de alguém na Internet é determinada por seu endereço eletrônico ou
E-mail no sentido em que representa sua “face” no domínio virtual. Este é
composto pelo seu username qualificado pela informação completa do
endereço do domínio. As pessoas vêem este endereço quando recebem uma mensagem
em seu sistema.
Por
exemplo: joaodasilva@dominio.com.br
Nas
mensagens, informações adicionais mostram o caminho percorrido pela mesma até
chegar ao destino. Essas informações identificam a cadeia de servidores
envolvidos na transmissão e é um registro relativamente fiel da origem da
mensagem. Embora seja possível, não é assim tão fácil adulterar esses
registros. Entretanto, se forem adulterados os endereços iniciais de onde a
mensagem foi criada ficará quase impossível identificar a sua origem.
Do
ponto de vista psicosocial, o termo identidade foi analisado e descrito
nos anos 60 por Erikson como um “sentimento subjetivo e tônico de uma unidade
pessoal e de uma continuidade temporal”. O que acontece na verdade é que este
sentimento é o resultado de um processo que interage ao mesmo tempo no coração
do indivíduo e no coração da cultura de sua comunidade. De fato, segundo
Lipiansky, esta interação é estreita entre a “identidade para si e a identidade
para outrem, a apreciação pessoal e a comparação social, os ideais individuais
e os modelos culturais, o consciente e o inconsciente” e é neste sentido
portanto que por meio das interações com outras pessoas que ela se constrói.
Essas
mesmas interações no contexto da globalização passaram a ser sentidas no espaço
urbano através de redes de comunicação globais, Néstor Canclini escreveu esta
passagem das identidades com a seguinte perspectiva:
“(...) As identidades pós-modernas são transterritoriais
e multilinguísticas (...) A clássica definição socioespacial de identidade,
referida a um território particular, precisa ser compreendida como uma
definição sociocomunicacional. Tal reformulação teórica deveria significar, no
nível das politicas ‘identitárias’ (ou culturais), que estas, além de se
ocuparem do patrimônio histórico, desenvolvam estratégias a respeito dos
cenários informacionais e comunicacionais onde também se configuram e renovam
as identidades”.
A
vida contemporânea é marcada com práticas sociais da mais diversas, com
constantes mudanças a todo momento e isso faz com que as pessoas tenham de se
adequar e assumir posições diferentes contribuindo assim para a formação de uma
identidade plural. A concepção de identidade hoje passa pela análise do caráter
de movimento, revelado pela desarticulação de identidades de antes e das
articulações das atuais identidades levando por consequência à criação de um
novo sujeito. É comum as pessoas manterem seus E-mails “oficiais” para
as comunicações profissionais e sociais e outros endereços alternativos para
seus contatos anônimos através de pseudônimos em outros provedores e de nicknames
nas salas de chat.
Estabelecem-se,
assim, pseudo-identidades onde diante dos fatos criam-se “novos” sujeitos e
procuram interagir em um mundo imaginário, como nos jogos de simulação onde
existem os heróis, os bandidos, vitórias e derrotas e outros ingredientes a
mais.
Sherry
Turkle escreveu sobre a criação da identidade na lnternet como uma cultura da
simulação em emergência e influenciando as idéias sobre a mente, o corpo, o ego
e a máquina, causando uma erosão das fronteiras entre o real e o virtual, o
animado e o inanimado, o unitário e o múltiplo, onde nos jogos interativos o
ego se constrói e as regras da interação social não são recebidas e sim
edificadas processualmente. A aplicação do Windows, por exemplo, pode ser vista
como uma poderosa metáfora para pensar o usuário como um sistema múltiplo e
distribuído, ou ainda, como um indivíduo fragmentado. O indivíduo passa a não
ser visto apenas como representando diferentes papéis em diversas situações, na
vida prática, através desta interface operacional, as pessoas passam a ser
“acentradas” e presentes em múltiplos mundos executando diferentes papéis ao
mesmo tempo.
A
própria característica assíncrona do tempo do computador, que permite que se
receba mensagens em tempos distintos e as responda em tempos diversos, faz
surgir a idéia de “tempo largo”, onde coexistem presente e passado e também
presente e futuro, ao invés do “tempo longo” linear e cronológico.
O
senso comum da contemporaneidade aliando as características da nova estética
instaurada pelos computadores nos faz acreditar na precedência da superfície
sobre a profundidade, da simulação sobre o real e do tempo sobre o espaço. Paul
Virilio certa vez afirmou que “o espaço deixou de existir, só sobrando o
tempo”, e é neste contexto que as pessoas hoje interagem enxergando os
computadores, ciberespaço, virtualidade, como uma superfície fluída
permitindo-lhes que assumam papéis de “indivíduos”.
O
panóptico na internet
Muitos
usuários talvez não saibam, outros acham interessante mas a verdade é que
estamos sendo constantemente acompanhados ou “vigiados”.
No
Panóptico observado por Bentham, a estrutura era de vigiar e punir,
disciplinando e mantendo uma constante ameaça, calcado na estratégica básica de
fazer o indivíduo acreditar que os seus atos não conseguiriam fugir do olhar
onipresente dos seus superiores, de modo que nenhum desvio de comportamento por
mais secreto que fosse poderia ficar sem punição e neste caso pode-se afirmar
que o espaço privado estaria cerceado como um todo.
Metaforicamente
supõe-se em um sentido amplo que na Internet não exista um controle central,
onde a navegação é livre e democrática, mas até que nível? Mark Poster em seu
brilhante ensaio sobre os bancos de dados eletrônicos, compara-os como uma
versão ciberespacial atualizada do Panóptico, diz que “nossos corpos são
fisgados dentro das redes, dos bancos de dados, nas auto-estradas da
informação”, sendo assim todos estes locais onde os dados são armazenados
passariam a constituir celeiros de “amarrados informaticamente”, destruindo
inclusive a linha de resistência que envolve cada pessoa como o seu refúgio à
observação.
A
armazenagem de quantidade maciça de dados, obtidas através dos cliques dos mouses
a cada link aos sites, a cada compra virtual, a cada consulta e
etc., resulta segundo Poster, num “superpanóptico”, mas com uma grande
diferença entre a situação original e a pós-moderna, hoje você permite de certo
modo esta vigilância, pois os dados não são confiscados e sim cedidos
consentidamente, voluntariamente, você é que está se expondo para a supra
observação. Também é verdade que esta quantidade de dados vem preocupando os
usuários de informática, pois não se sabe até onde, como e por quem estes dados
serão manipulados, seja no âmbito governamental, bancos, seguradoras,
empregadores, empresas de marketing e etc., o fato é que diante de tal cenário
os usuários esperam uma posição regulamentadora por parte dos governantes.
Segundo
Baumam não temos que nos preocupar, pois a aparente similaridade entre o
Panóptico de Foucault e os bancos de dados contemporâneos parece bem
superficial, afinal o principal propósito do original era o de impor um padrão
uniforme ao comportamento dos internos e na visão atual, as empresas se
utilizam desse recurso para garantir a construção de um arquivo de
“credibilidade” das pessoas listadas, sua confiabilidade como clientes,
merecedores ou não de crédito, eliminando todo o restante que não deve ser
levado em conta no jogo do consumo. A principal função do Panóptico era
garantir que ninguém pudesse escapar do espaço estreitamente vigiado e a função
dos bancos de dados atuais é o de garantir que nenhum intruso entre no sistema
sem as devidas qualificações, pois quanto mais informações sobre você contenha
o banco de dados, mais livremente poderá circular nos meios. Observa-se, então,
que o banco de dados seja um instrumento de seleção, separação e exclusão, em
outras palavras, ele segura na peneira os globais e deixa passar os locais.
Ao
contrário do Panóptico, os bancos de dados não atuam como grilhões para
imobilizar as pessoas e sim como um veículo de mobilidade, esta característica
pode ser vista sob o angulo de quem analisa externamente estes fatores, pois
enquanto outrora existia a situação em que muitos vigiavam poucos, hoje a
situação é inversa onde poucos vigiam muitos.
Com
o avanço das novas tecnologias midiáticas, o mundo encurtando fronteiras e
descobrindo a desterritorialidade, o consenso da interatividade de certa forma
é um grande exagero Ao contrário dos que costumam acreditar nesta política
comunicacional de Internet correta e democrática, nós próprios somos agentes
integrantes desta elite global, pertencente a um seleto grupo dentro de um novo
contexto mundial. É muito pouco provável que esta situação seja expandida para
toda a população menos favorecida tecnologicamente. Analisando em níveis
diferentes mas dentro de um mesmo contexto tem-se a seguinte observação:
• Grupo 1 à uma grande maioria que não
disponibilizam o acesso as novas tecnologias observam (não vigiam) o avanço
da grande rede se espalhando pelo mundo, inclusive em seus próprios territórios,
são figurantes que compõem a cena e nada mais, são apenas mais dados para
serem armazenados;
• Grupo 2 à uma parte da população mais
favorecida que possui acesso a esta tecnologia chamada Internet, com livre
acessos aos megaportais, interagindo no mundo virtualizado, tecnologia e conhecimento
de ponta, sendo que toda esta mobilidade é efetivamente observada pelo grupo
anterior, o que se coloca também é que esses mesmos privilegiados são de certa
maneira “vigiados” por poucos, os que detém o controle dos banco de dados;
• Grupo 3 à detentores dos bancos de dado, através das informações
coletadas, separam e agrupam por diversos parâmetros sejam ele por perfil,
idade, condição socioeconômica, instrução, gostos e etc.
Segundo
várias pesquisas do INFOLAB, 49% dos 100 sites mais populares do Brasil
rastreiam os usuários usando cookies, isto é, abrem caminho até o disco
rígido do computador do usuário e armazenam ali um arquivo de texto que
identifica o seu computador com um número único. Com os cookies, pode-se
reconhecer quem entra num site, de onde vem, com que periodicidade
costuma voltar.
Se
propriamente usados os cookies podem ser úteis. Entretanto, se forem
desabilitados o usuário se torna um desconhecido e suas preferências precisarão
ser renovadas a cada visita, algumas páginas não poderão ser acessadas e uma
série de outros inconvenientes. Vários portais simplesmente barram a entrada de
qualquer pessoa sem cookies.
Toda
esta vigilância previamente anunciada através de cookies , supostamente
benignos, é um dos princípios que norteiam as empresas que trabalham no
ambiente virtual, pois se não agirem assim, estarão perdendo mercado para a
concorrência cada vez mais acirrada e competitiva.
Roteiro
de um dia na Internet
Um
pesquisador do INFOLAB verificou os seus passos durante um dia de acessos da
sua rotina. O resultado está no roteiro abaixo.
8h15
Verificação
da conta bancária. Ao digitar a senha, o banco lembra qual foi sua última
visita. Um cookie temporário é usado na sessão.
10h30
Ao
ler as notícias do dia no UOL, entrega mais uma senha. Quatro cookies estão em
ação: dois temporários, um válido até o dia seguinte e outro disposto a ficar
em seu micro até 30/12/2037. Em seguida, vai para o site do jornal Valor
Econômico, onde é obrigado a se cadastrar. Dá seu nome e e-mail e recebe mais
um cookie temporário.
13h
Hora
do almoço. Ao pedir um lanche na rede de comida rápida Almanara, também tem de
preencher um cadastro e passar seu nome, endereço, telefone, e-mail e até data
de nascimento.
16h45
Ao
entrar no site de compras Superoferta recebe um cookie válido até 1/1/2010,
além de um temporário. No registro são exigidos seu nome, endereço e e-mail e
outro cookie que expira apenas em 9/11/2030. Nesse caso é possível optar por
não receber e-mails promocionais. Na hora de fechar a compra, é solicitado o
CPF e o número do cartão de crédito.
20h30
O
pesquisador decide testar o acesso gratuito do Terra Livre. No contrato, a
cláusula 2.13 deixa bem claro: o usuário autoriza o envio de e-mails
e mala direta sobre produtos da Terra e de seus parceiros. Não há opção. No
cadastro, os campos obrigatórios são nome e CPF. Os optativos: RG, endereço,
telefone, sexo e data de nascimento. Contabilidade de cookies: três,
todos com data de expiração em 30/12/2037.
21h15
No
portal de compras Submarino, o pesquisador recebe um cookie válido até
31/5/2000 na home page e outro até 1/1/2010 ao usar a busca. Vai
em seguida para o portal da Livraria Saraiva. No cadastro, tem de deixar seu
nome, endereço, telefone, e-mail e número do cartão de crédito.
Aqui já há a opção de não receber ofertas promocionais - embora o opt-in
esteja escondido entre os detalhes de entrega do livro que comprou. Um cookie
vai para o disco com validade até 11/5/2005.
21h35
Ao
entrar no portal MercadoLivre para dar um lance num PalmPilot precisa fornecer
nome, endereço, CPF, e-mail e telefone registrados. Quatro cookies
temporários são registrados.
Saldo
do dia:
O
pesquisador foi identificado pessoalmente por oito diferentes empresas,
entregou seu e-mail a seis delas e o CPF a três. No seu microcomputador,
restaram os registros de dez cookies permanentes. Esta é a rotina de um
cidadão da Internet.
A
privacidade acompanhada
Segundo
o Prof. Paulo Vaz em seu artigo “Agentes na Rede”, os agentes inteligentes que
interagem no site da amazon.com abastecem o banco de dados da empresa para que
esta, futuramente possa oferecer ao usuário parametrizações de outros produtos
a partir da principal pesquisa/compra em si, mostrando a trilha de resenhas
escritas pelos leitores falando de suas impressões sobre o livro,
classificações quanto a vendagem, sugestões de outras obras de outros autores
cujo enfoque estaria baseado na mesma linha temática e outras coisas mais.
A
nossa sociedade é constituída de indivíduos consumista. Segundo Bauman:
“Quando falamos de uma sociedade de consumo, temos em mente algo mais que a observação trivial de que todos os membros dessa sociedade consomem; todos os seres humanos, ou melhor, todas as criaturas vivas “consomem” desde tempos imemoriais.”
A
identidade deste novo consumidor, que hoje se interage com a lnternet, vem
rompendo certos protocolos de antigamente, o fato de ir as compras era ter que
se deslocar até o local onde o produto estava exposto, escolher, pesquisar
preços e condições, ficar em dúvida perante uma similaridade entre produtos e
etc. Tudo isso sem levar em conta do tempo gasto, trânsito, stress,
funcionários de lojas tentando te convencer a levar outro produto diferente
daquele que você se propôs a comprar e tudo isso culminando com a interminável
fila do caixa.
Hoje
o consumidor virtual conta com uma ferramenta que chamamos de interatividade e
isso mexe com a identidade pessoal, o desenvolvimento técnico que garante esse
salto qualitativo no campo da informática permite o processamento da informação
e da comunicação como hipertextos.
O
Prof. Marco Silva descreve a interatividade como uma navegação em que o usuário
salta de uma “janela” para outra e transita aleatoriamente por fotos, sons,
vídeos, textos, gráficos, etc. Este processamento hipertextual do computador
permite ao usuário múltiplas recorrências e navegações, permite inclusive a ele
selecionar, receber, tratar e enviar qualquer tipo de informação, inclusive a
exploração não-sequencial, como agenciamentos na base de conexões múltiplas.
Através
de agentes inteligentes, sejam eles “knowbots” ou “sociais”, o nosso perfil de
consumidor virtual acaba sendo traçado e disponibilizado pela nossa própria
pesquisa. isso cria em nós o que chamamos de preguiçosos cibernéticos, há vantagens
e desvantagens e são amplamente discutidas, a rotulação de um estigma, o
conceito da pertinência tribal, isto é, de acordo com as preferência somos
atrelados a este ou aquele grupo, tudo isso nos faz acreditar que estamos cada
vez mais interfaceados culturalmente neste mundo contemporâneo e virtualizado.
Manuel
Castells relata em seu livro “A Sociedade em Rede” que:
“O ciclo de realimentação entre a introdução de uma nova tecnologia, seus usos e seus desenvolvimentos em novos domínios torna-se muito mais rápido no novo paradigma tecnológico. Consequentemente, a difusão da tecnologia cresce infinitamente, à medida que os usuários apropriam-se dela e a redefinem. As novas tecnologias da informação não são simplesmente ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. Usuários e criadores podem tornar-se a mesma coisa.”
Observa-se
então que as tecnologias foram feitas para agir sobre as informações e não o
contrário. Quando Castells fala sobre o paradigma tecnológico, teoria elaborada
por Carlota Perez e outros, temos que analisar a penetrabilidade dos seus
efeitos, da lógica de redes, da flexibilidade e por último da crescente
convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado,
tudo isso interagindo nos indivíduos, na sua identidade e seus comportamento.
O
impacto dessa tecnologia é amplo e intenso, devendo afetar cada aspecto da vida
com profundo efeito transformador. O uso de computadores torna-se uma segunda
alfabetização, levando a uma mudança radical no perfil dos empregos e funções
econômicas e na percepção da cultura. Mecanismos legais locais se tornam
impotentes diante de uma rede mundial. Vários outros aspectos culturais,
políticos, econômicos e legais são apontados. O maior exemplo disso é sentido
no comércio eletrônico, pois, em particular, chama-se a atenção para as
possíveis conseqüências da eliminação das distâncias entre os habitantes e os
produtos circulantes do planeta. A possibilidade de comunicação individual e
comunitária em velocidades e volumes imensos ultrapassa fronteiras e barreiras
culturais de forma nunca antes vista.
Conclusão
A
Internet realmente é o acontecimento do novo milênio, estamos vivenciando o
início da revolução digital, que irá muito além de modernizar: criará um novo
modelo de identidade e postura socio-econômico, baseado em relações
globalizadas e conhecimento compartilhado. Quem a ela não estiver atrelado,
perderá toda e qualquer possibilidade de sobreviver a esta arena de competição,
que transformará o mundo dos negócios em um mercado sem fronteiras. A grande
rede está sendo vista como o principal veículo de marketing, devido ao
impacto das mídias digitais.
Desde
o advento do rádio e da televisão, é o fato de maior importância na
transformação comportamental mundial. A Nova Ordem Mundial emergente anuncia um
mundo sem fronteiras entre as nações. Um mundo só unificando toda a humanidade
sob os mesmos direitos e os mesmos ideais. Essa é a utopia do terceiro milênio,
que vem com toda a força de sua generosidade nos diversos setores da sociedade.
Velhas normas como a liderança individual, a superioridade racial, o
nacionalismo, entre outras, serão substituídos em breve por novos padrões, tais
como a unidade racial e a unidade do gênero humano. A incrível dinâmica do
mercado, das tecnologias e dos conhecimentos humanos impõem desafios e será
preciso adequar-se e estar sempre aberto a idéias novas.
Ninguém,
está totalmente incógnito dentro da lnternet, graças a tecnologias cada vez
mais onipresentes através dos agentes inteligentes, as nossas identidades são
marcadas, seguidas e encaixadas em estatísticas anônimas, de tudo isso,
conclui-se que existe um grande beneficio nesta invasão de privacidade. Afinal,
qual o usuário que não gosta de um atendimento personalizado, melhorando incrivelmente
os nossos acessos á Internet, com sites personalizados, interagindo como se
fossem velhos amigos, nos oferecendo por meio do comércio eletrônico ofertas
irrecusáveis? Como resistir a tudo isso? Afinal, os controladores do Panóptico
ciberespacial nos conhecem muito bem e sabem onde ficam os nossos pontos
fracos.
O
desafio maior na atual conjuntura é estruturar uma política mais ampla e clara,
criando discussões em todos os níveis centradas na identidade individual e não
na identidade fragmentada das pessoas. O que é aceito afinal é a utilização de
nossas informações pessoais para oferecer conteúdo e publicidade
personalizados, se as pessoas em questão autorizarem ou então, repassar os
nossos dados para anunciantes sem nos identificar.
O
que é o certo ou o que é o errado depende do prisma de quem está observando ou
de quem está manipulando as nossas informações. Com todas estas tecnologias à
disposição ficará muito fácil tanto respeitar quanto pisar na privacidade e na
individualidade das pessoas.
Referências
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Janeiro: Ed. 34, 1996.
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VIRILIO, Paul. O Espaço Crítico. São Paulo:
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